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A Saúde das Mulheres Ativistas:

Um Compromisso Coletivo


De acordo com uma pesquisa recente de 2024, realizada pela Ipsos e divulgada pela CNN Brasil, sete em cada dez pessoas diagnosticadas com depressão ou ansiedade no Brasil são mulheres. Esse dado alarmante reflete a vulnerabilidade das mulheres em relação à saúde mental, especialmente no contexto pós-pandemia. Este cenário é ainda mais preocupante para mulheres ativistas, que enfrentam pressões adicionais e, muitas vezes, carecem do suporte necessário para lidar com esses desafios.

Jane Barry e Jelena Djordjevic, em sua obra "Que sentido tem a revolução - Se não podemos dançar?", trouxeram à tona uma questão essencial e frequentemente negligenciada: a saúde e o bem-estar das mulheres ativistas de direitos humanos. Através de entrevistas com 100 ativistas ao redor do mundo, elas revelaram que a constante pressão e a falta de suporte têm impactos profundos e duradouros na vida dessas mulheres. Problemas como depressão, crises de pânico, ansiedade e hipertensão são apenas alguns dos desafios enfrentados por aquelas que estão na linha de frente da luta por justiça e igualdade.

A pesquisa destaca a necessidade urgente de criar ambientes de trabalho saudáveis e sustentáveis para as ativistas, onde questões como saúde mental, segurança e boas condições de trabalho sejam prioridade. Ignorar essas necessidades é condenar essas mulheres ao silêncio, comprometendo sua capacidade de continuar a luta por um mundo mais justo.

Nesse contexto, o I Encontro Nacional de Mulheres Defensoras de Direitos Humanos, promovido pela ONU Mulheres Brasil, se torna um marco fundamental. O evento reforçou a urgência de implementar políticas que promovam o cuidado integral e o bem-estar das mulheres ativistas. A Carta pela Vida Digna de Mulheres Defensoras de Direitos Humanos, resultado desse encontro, apresenta diretrizes claras para assegurar a dignidade e a segurança dessas mulheres, incluindo a criação de espaços seguros para recuperação e fortalecimento, e o reconhecimento do trabalho invisível e reprodutivo que elas realizam.


Para construir um movimento verdadeiramente inclusivo e sustentável, é essencial que as organizações e movimentos sociais assumam a responsabilidade coletiva de cuidar dessas ativistas. Isso significa não apenas oferecer suporte, mas também criar uma cultura de cuidado mútuo, onde o bem-estar e a segurança sejam tão valorizados quanto a própria luta.

Afinal, investir na saúde das mulheres ativistas é investir no futuro dos direitos humanos. É garantir que a luta por justiça e igualdade possa continuar de forma sustentável, sem que essas mulheres precisem sacrificar suas vidas pessoais e saúde. Essa é uma responsabilidade que recai sobre todos nós, e que, ao ser cumprida, contribui para uma sociedade mais justa e equitativa.

Essa reflexão é um chamado para que líderes e organizações reconheçam e valorizem o cuidado coletivo como uma prática essencial para o sucesso e a sustentabilidade de qualquer movimento. O cuidado integral promovido pelas organizações deve ser uma prioridade inegociável, pois é somente através desse compromisso que poderemos construir um futuro mais justo para todos.

Link para mais informações: CNN Brasil, Think Olga, Onu Mulheres, Promotoras Legais Populares

Texto publicado por Agnes Karoline 13 de agosto de 2024
Fonte: https://www.linkedin.com/pulse/sa%25C3%25BAde-das-mulheres-ativistas-um-compromisso-coletivo-agnes-karoline-l8ite/?trackingId=pI%2FEbfqNTb%2BNXTJ8aDLQ0w%3D%3D

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Publicado 24 de maio de 2021 por Agnes Karoline